Acabaram as férias. As pessoas
amontoam-se nos transportes públicos. Os olhares discretos de quem procura a
pessoa que encontrava todos os dias na carruagem do costume são imensos. O
silêncio. Os perfumes. As conversas de sempre que só mudam no final da semana.
As correrias. A pressa de chegar. A vontade de partir. Os apertos de mão pela
manhã. A espera de mais um transporte que nos transporta para fora desta rotina
suicida, mas o que chega é não mais do que mais um aperto que nos sufoca, que
nos oprime, e sem contentamento exprime o sentimento recíproco. O trabalho de
sempre. A vontade de sempre. As pessoas de sempre. Os amigos… Esses merecem
mais do que uma simples palavra que termina com um ponto final e fica a
martelar no nosso cérebro vezes sem conta, esses são mais do que pessoas que se
aglutinam como massa de um bolo em preparação, esses são o vinagre que não se
mistura com o azeite, são a diferença que nos faz continuar e seguir em frente,
que nos atingem de certa forma, que nos dão a mão para nos levantar, que nos
olham da mesma maneira façamos o bem ou o mal, que nos criticam sem medo de
retaliações, que nos dizem o que está certo ou errado, que deixam chorar porque
também faz bem, que nos apoiam quando precisamos e quando não precisamos até
parecem ausentes, mas…é mesmo para isso que um amigo serve, para existir!
Mais um dia…mais um dia…conto
os dias na esperança de um dia não os contar, mas será que vale a pena, será
que posso nisso confiar?
Há tantas coisas que fazemos
quando regressamos. Os sons. Os sons de uma cidade, como outra metrópole
qualquer. Os cheiros que se misturam nas ruas da Baixa Lisboeta. O café da
esquina que é sempre melhor do que no trabalho, até porque aquela hora, é a
hora em que a senhora de olhos verdes e cabelo aloirado bebe o seu café também,
e sem querer surge uma troca de olhares, quase indiscreto ao mundo, mas bem
subtil e sedutor para ambos. A despedida.
Acabaram as férias. As pessoas
amontoam-se nos transportes públicos.
Como qualquer outro dia, na
esperança de um amanhã diferente.
“Posto que viver me é indiferente, cada vez
gosto menos de gente”
“Quase que gosto da vida que
tenho”
2008-09-01
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