domingo, 4 de agosto de 2013

Uma noite ao Luar



Quero sentir teu corpo molhado… foi o que eu disse quando saíste da água naquela noite.

Era noite de Verão, tínhamos ido passear junto a praia, e naquela noite achas-te que poderias mergulhar, mesmo não tendo roupa interior, eu disse que isso era um perigoso, mas tu nem ligas-te. Há muito tempo que a nossa relação se baseava na amizade, e sabias, que fosse o que fizesses, eu jamais iria passar essa barreira, ou pelo menos fazia o possível.

Fui apanhar-te às oito, pois jantavas sempre cedo, e fomos até à praia, o Sol ainda não se tinha posto na totalidade. Ficamos espantados a ver o pôr-do-sol naquele final de tarde quente. Depois perguntaste-me se já tinha ido até às grutas de argila, ao qual respondi que não, disseste que fazia muito bem à pele e já que estávamos na praia poderíamos aproveitar para juntar o útil ao agradável.

Caminhámos durante umas duas horas, não demos pela noite cair, o luar encarregava-se de iluminar o nosso caminho. E estava tão lindo o luar nessa noite. As estrelas eram mais que muitas, e enquanto desciam a pique, murmuravas-me que realizavam desejos a quem os pedisse.

Acabámos por encontrar as grutas de que tanto falavas, mas já estava tão escuro que decidiste ficar para outro dia. Estávamos tão longe, que não havia ninguém por perto, éramos só nós; nós e o mar imenso à nossa frente.

Sentámo-nos na areia e jogámos conversa fora, falámos de coisas várias entre as quais os teus velhos relacionamentos, eu, claro, sempre do teu lado para te apoiar.

Disseste que eu era um grande e único amigo, que estava sempre presente, que gostavas que pudesse estar sempre do teu lado para toda a eternidade. Eu disse-te que as vida era bem mais complicada do que aquilo que pensamos, mas se dependesse de mim, faria o que pudesse para te ajudar e estar do teu lado sempre que possível.

Abraças-te a mim como quem procura refúgio. Deitas-te em meu colo a olhar as estrelas.

- Pede um desejo, disseste tu muito depressa.

-Vamos, pede um desejo, antes que passe o tempo – insistis-te, pois tinha acabado de passar uma estrela cadente, e não querias pedir os desejos todos para ti. Eu fechei os olhos e pedi.

Porque não pedis-te em voz alta? - Disseste tu, ao qual respondi que até o fazia se não tivesses presente, mas como o desejo também implicava a tua pessoa, preferi pedi-lo para mim. Franziste as sobrancelhas olhando para mim.

Sim, respondi eu, não quero falar sobre o assunto, importas-te? Disse-te eu, tentando fugir à pergunta que ia surgir logo a seguir.

Mas a pergunta não surgiu, para infelicidade minha.

Abria bolsa que trazia comigo, dentro dela estava uma garrafa de vinho do Porto, que te tinha prometido há algum tempo. Abrimos a garrafa. Bebemos silenciosos a olhar o mar. Aquando algum tempo, e vários golos na garrafa já meia, surgiu então a pergunta:

- Se implica a minha pessoa, tenho todo o direito de saber o que é, vamos, diz-me o que pensas-te? - Pedis-te tu curiosa.

Juro que preferia mergulhar naquelas águas contigo, do que dizer-te no que pensei.

Encostas-te a mim. Pus o meu braço em volta e abracei-te.

De repente, levantaste-te, e começas-te a despir-te, eu virei os olhos para não ver, enquanto te despias, dizias, – estou à espera, aqui, ou na água, mas não vou perguntar-te mais o que foi que pedis-te ou pensas-te, agora quero que cumpras o prometido.

Fiquei sem jeito, atrapalhado, e ao mesmo tempo seduzido por ver teu corpo nu a caminhar para a água, eras como uma ninfa que me tentava sem nada para me oferecer.

Perdi algum tempo a pensar, enquanto te observava na água e a mesma me refrescava os pés descalços. Senti um aperto no peito, senti vontade de te ter para mim, de estar dentro de ti, e enquanto me absorvia em pensamentos, em escassos momentos que o fiz, tu vinhas até mim como uma miragem, nua, com o corpo molhado, os cabelos tapavam parte dos teus seios, os teus olhos olhavam os meus, estava paralisado; pensei alguns segundos e disse:

- Quero sentir o teu corpo molhado. E já não sabia se o tinha dito ou pensado, mas continuavas na minha direcção. Continuei a olhar-te. As minhas pernas começaram a tremer e comecei a sentir um calor dentro de mim. As tuas mãos tocaram a minha face, o teu corpo o meu corpo, abraçaste-te a mim e sussurraste-me ao ouvido:

- O meu corpo está aqui, faz dele o teu desejo.

Beijei tua boca salgada, tua língua molhada sabia a brisa do mar. Teus seios nas minhas mãos, na minha boca. Meus dedos no teu sexo e tuas mãos no meu. Deitados na areia, juntos voámos até ao Céu. O Luar brindou-nos com uma noite mágica, cheia de prazeres carnais, de cumplicidade pecaminosa. Juntos éramos um só, e não queríamos que acabasse. O mar estava mais longe. A noite já era dia. O Sol espreitava no horizonte. Tu eras a minha fantasia. Ao longe os pescadores nas suas embarcações regressavam, por cima deles as gaivotas com seus guinchos aflitos voavam.

Sinto o calor no meu corpo, a maresia no ar. Abro os olhos, acordo, eu estava a sonhar. Contigo a meu lado, adormecemos ao Luar…



27.04.2009
 

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