Quero
sentir teu corpo molhado… foi o que eu disse quando saíste da água naquela
noite.
Era
noite de Verão, tínhamos ido passear junto a praia, e naquela noite achas-te
que poderias mergulhar, mesmo não tendo roupa interior, eu disse que isso era
um perigoso, mas tu nem ligas-te. Há muito tempo que a nossa relação se baseava
na amizade, e sabias, que fosse o que fizesses, eu jamais iria passar essa
barreira, ou pelo menos fazia o possível.
Fui
apanhar-te às oito, pois jantavas sempre cedo, e fomos até à praia, o Sol ainda
não se tinha posto na totalidade. Ficamos espantados a ver o pôr-do-sol naquele
final de tarde quente. Depois perguntaste-me se já tinha ido até às grutas de
argila, ao qual respondi que não, disseste que fazia muito bem à pele e já que
estávamos na praia poderíamos aproveitar para juntar o útil ao agradável.
Caminhámos
durante umas duas horas, não demos pela noite cair, o luar encarregava-se de
iluminar o nosso caminho. E estava tão lindo o luar nessa noite. As estrelas
eram mais que muitas, e enquanto desciam a pique, murmuravas-me que realizavam
desejos a quem os pedisse.
Acabámos
por encontrar as grutas de que tanto falavas, mas já estava tão escuro que
decidiste ficar para outro dia. Estávamos tão longe, que não havia ninguém por
perto, éramos só nós; nós e o mar imenso à nossa frente.
Sentámo-nos
na areia e jogámos conversa fora, falámos de coisas várias entre as quais os
teus velhos relacionamentos, eu, claro, sempre do teu lado para te apoiar.
Disseste
que eu era um grande e único amigo, que estava sempre presente, que gostavas
que pudesse estar sempre do teu lado para toda a eternidade. Eu disse-te que as
vida era bem mais complicada do que aquilo que pensamos, mas se dependesse de
mim, faria o que pudesse para te ajudar e estar do teu lado sempre que
possível.
Abraças-te
a mim como quem procura refúgio. Deitas-te em meu colo a olhar as estrelas.
-
Pede um desejo, disseste tu muito depressa.
-Vamos,
pede um desejo, antes que passe o tempo – insistis-te, pois tinha acabado de
passar uma estrela cadente, e não querias pedir os desejos todos para ti. Eu
fechei os olhos e pedi.
Porque
não pedis-te em voz alta? - Disseste tu, ao qual respondi que até o fazia se
não tivesses presente, mas como o desejo também implicava a tua pessoa, preferi
pedi-lo para mim. Franziste as sobrancelhas olhando para mim.
Sim,
respondi eu, não quero falar sobre o assunto, importas-te? Disse-te eu,
tentando fugir à pergunta que ia surgir logo a seguir.
Mas
a pergunta não surgiu, para infelicidade minha.
Abria
bolsa que trazia comigo, dentro dela estava uma garrafa de vinho do Porto, que
te tinha prometido há algum tempo. Abrimos a garrafa. Bebemos silenciosos a
olhar o mar. Aquando algum tempo, e vários golos na garrafa já meia, surgiu
então a pergunta:
-
Se implica a minha pessoa, tenho todo o direito de saber o que é, vamos, diz-me
o que pensas-te? - Pedis-te tu curiosa.
Juro
que preferia mergulhar naquelas águas contigo, do que dizer-te no que pensei.
Encostas-te
a mim. Pus o meu braço em volta e abracei-te.
De
repente, levantaste-te, e começas-te a despir-te, eu virei os olhos para não
ver, enquanto te despias, dizias, – estou à espera, aqui, ou na água, mas não
vou perguntar-te mais o que foi que pedis-te ou pensas-te, agora quero que
cumpras o prometido.
Fiquei
sem jeito, atrapalhado, e ao mesmo tempo seduzido por ver teu corpo nu a
caminhar para a água, eras como uma ninfa que me tentava sem nada para me
oferecer.
Perdi
algum tempo a pensar, enquanto te observava na água e a mesma me refrescava os pés
descalços. Senti um aperto no peito, senti vontade de te ter para mim, de estar
dentro de ti, e enquanto me absorvia em pensamentos, em escassos momentos que o
fiz, tu vinhas até mim como uma miragem, nua, com o corpo molhado, os cabelos
tapavam parte dos teus seios, os teus olhos olhavam os meus, estava paralisado;
pensei alguns segundos e disse:
-
Quero sentir o teu corpo molhado. E já não sabia se o tinha dito ou pensado,
mas continuavas na minha direcção. Continuei a olhar-te. As minhas pernas começaram
a tremer e comecei a sentir um calor dentro de mim. As tuas mãos tocaram a
minha face, o teu corpo o meu corpo, abraçaste-te a mim e sussurraste-me ao
ouvido:
-
O meu corpo está aqui, faz dele o teu desejo.
Beijei
tua boca salgada, tua língua molhada sabia a brisa do mar. Teus seios nas
minhas mãos, na minha boca. Meus dedos no teu sexo e tuas mãos no meu. Deitados
na areia, juntos voámos até ao Céu. O Luar brindou-nos com uma noite mágica,
cheia de prazeres carnais, de cumplicidade pecaminosa. Juntos éramos um só, e
não queríamos que acabasse. O mar estava mais longe. A noite já era dia. O Sol
espreitava no horizonte. Tu eras a minha fantasia. Ao longe os pescadores nas
suas embarcações regressavam, por cima deles as gaivotas com seus guinchos
aflitos voavam.
Sinto
o calor no meu corpo, a maresia no ar. Abro os olhos, acordo, eu estava a
sonhar. Contigo a meu lado, adormecemos ao Luar…
27.04.2009
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